sexta-feira, 1 de agosto de 2014

anticorpos


Lembro do meu primeiro amor
Ele era lindo
Então nos houve um colapso eu e ele
Nos tocamos
Nos trocamos
Do nosso contato uma parte dele ficou em mim e uma parte de mim foi com ele por entre as pernas
Minha textura permaneceu nas suas mãos
Nas pontas dos dedos
Eu ainda viscava
E naquele coração juvenil sei que me alojei como um musgo
Lembro de cheirar as pontas da manga da minha jaqueta
Tinha o cheiro dele
Lembro de tomar banho e de sentir que não escorria ele com água
Mas eu mesma
O que ele tinha me mudado ia embora
Era um amor tão lindo
Era tão doentio
Às vezes ainda recaio
sucumbo  a uma febre típica dele
E tantos outros medicamentos eu tomei
E me adoeci de tantas outras epidemias
Mas ah, o primeiro amor
Ele é irrealizável,
E tão só incurável.

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