Ela me dizia, e ela dizia mais ou menos assim com as palavras se esbarrando e se entrelaçando num neologismo espontâneo acompanhado por uma voz adocicada; ela me dizia que não era mesmo uma coisa muito esquisita, não era? Essa coisa de somente escutar as pessoas e conseguir identificá-las pelo tom de voz, pelo timbre, pelo sotaque, por ela mesma. De escutar alguém e vir na sua mente a imagem da pessoa e junto com ela, todas as características e registros de quem ela é, os documentos emocionais que ela entregou pra você e que por eles você se guia numa linha de tratamento com ela. A voz da pessoa entra pelos ouvidos como se carregasse a pessoa pra dentro da gente, e lá dentro, a gente entende a pessoa do jeito que a gente pode.
A pessoa é um pouco nossa, então. Pois é, um pouco da gente também.
Acho que era um pouco de mim.