Ela suspirou como se procurasse por ar, e numa progressão intensa de sentimentos efêmeros e explosivos, o fluxo das palavras começou a descer da sua garganta e preencher os seios, escorregou pela curva da cintura e aqueceu a virilha. Torcendo as pernas ela pôde conter a maresia de sensações internas transmitidas pela carta que erguia com as mãos, em seguida apoiou os cotovelos no parapeito da janela, afastou a cortina e sustentou a cabeça em uma das palmas, piscando num movimento lento e atritando suavemente as pernas uma na outra.
Longe, longe... Talvez mais próximo do que a proporção dos suspiros com os olhos procurando longe ali na janela. Talvez tão distante quanto a conexão pulsante do peito com aquele nó se desfazendo entre as pernas; talvez, talvez estivesse ali, lá e ali, tão mais aqui do que aquela ausência – cuidadosamente delineada com tinta no contorno das palavras – podia pontuar com batidas melancólicas no intervalo das horas.
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